Unidade A – Gerenciamento integrado de resíduos sólidos

Tratamento

O tratamento do lixo pode ser feito por dois processos: segregar os diferentes tipos de materiais existentes no lixo visando a sua reciclagem e consequente redução de resíduos aterrados, ou incinerar visando a sua redução e inertização, se possível com recuperação de energia.

Incineração

Conforme Philippi Júnior (2005), incineração é um processo de redução de peso e volume dos resíduos por intermédio de queima controlada. Os resíduos são reduzidos a cinzas, que representam de 5% a 15% do peso inicial. Por destruir agentes patogênicos e diversos compostos químicos tóxicos, é comumente utilizado para tratamento de resíduos de serviços de saúde. Na Figura A.18 é apresentada uma unidade de incineração de resíduos de serviços de saúde.

 

A seguir serão apresentadas algumas vantagens e desvantagens da incineração segundo Jardim, et al.(1995):

  1. Vantagens:
    1. Redução drástica do volume a ser descartado: a incineração deixa como sobra apenas as cinzas, que geralmente são inertes. Desta forma, reduz a necessidade de espaço para aterro.
    2. Redução do impacto ambiental: em comparação com o aterro sanitário, a incineração minimiza a preocupação a longo prazo com o monitoramento do lençol freático, já que o resíduo tóxico é destruído, e não “guardado”.
    3. Destoxificação: a incineração destrói bactérias, vírus e compostos orgânicos, como o tetracloreto de carbono e óleo ascarel e, até, dioxinas. Na incineração, a dificuldade de destruição não depende da periculosidade do resíduo, e sim de sua estabilidade do calor.
    4. Recuperação de energia: parte da energia consumida pode ser recuperada para geração de vapor ou eletricidade.
  2. Desvantagens:
    1. Custo elevado: apresenta custos elevados tanto no investimento inicial, quanto no operacional. Normalmente, deve-se incinerar apenas o que não pode ser reciclado.
    2. Exige mão-de-obra qualificada: é difícil encontrar e manter pessoal bem qualificado para supervisão e operação de incineradores.
    3. Problemas operacionais: a variabilidade da composição dos resíduos pode resultar em problemas de manuseio de resíduo e operação do incinerador e, também, exigir manutenção mais intensa.
    4. Limite de emissões de componentes da classe das dioxinas e furanos: não existe consenso quanto ao limite de emissão dos incineradores.

Compostagem

É um processo biológico no qual a matéria orgânica é convertida pela ação de microorganismos, em composto orgânico. Como vantagem, a compostagem apresenta economia de aterro, aproveitamento agrícola, reciclagem de nutrientes para o solo e eliminação de patógenos.

É importante observar alguns fatores que influenciam a compostagem como: aeração, umidade, temperatura, nutrientes e pH.

No final da compostagem se obtém o composto orgânico que tem como principais características a presença de húmus e de nutrientes minerais, podendo ser utilizado em qualquer tipo de cultura associado ou não a fertilizantes químicos. Se produzido em uma unidade de compostagem, o composto deve ser regularmente submetido a análises físico-químicas de forma a assegurar o padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo governo. A Figura A.19 mostra leiras de compostagem de matéria orgânica de Porto Alegre, RS.

Reciclagem

Para Jardim, et al. (1995), reciclagem é o resultado de uma série de atividades através da qual materiais que se tornariam rejeito, são desviados, sendo coletados, separados e processados para serem utilizados novamente como matéria-prima. Este processo diminui a quantidade de lixo a ser aterrado (consequentemente aumenta a vida útil dos aterros sanitários); preserva recursos naturais; economiza energia; e gera empregos, através da criação de indústrias recicladoras.

O tipo de material reciclável a ser separado nas unidades de reciclagem depende, sobretudo, da demanda da indústria. Os principais são: papel e papelão; plástico duro; plástico filme; garrafas inteiras; vidro; metal ferroso e metal não-ferroso. (Monteiro et al., 2001). A Figura A.20 mostra o processo de triagem e reciclagem de resíduos.


Existem outros métodos de tratamento de resíduos além dos mencionados como a pirólise e a autoclavagem.

 

Para saber mais sobre as etapas do gerenciamento integrado de resíduos urbanos leia a Cartilha da limpeza pública.

 

Com relação à escolha da tecnologia a ser adotada, deve-se levar em conta o custo, pois quanto maior o nível de sofisticação de equipamentos, maiores serão os investimentos iniciais e as despesas com manutenção. Em países com déficit de empregos, por exemplo, é recomendável o emprego de intensa mão de obra, como nas usinas que adotaram a separação manual dos materiais (PHILIPPI JÚNIOR, 2005).