Lixão ou depósito a céu aberto
Caracteriza-se por se tratar de uma forma de deposição desordenada com pouco ou nenhum controle ambiental sem compactação ou cobertura dos resíduos, o que propicia a poluição do solo, ar e água, bem como a proliferação de vetores de doenças (Figura B.1).
É o método mais utilizado em municípios onde não há recursos financeiros ou que não possuem ainda uma política ambiental bem definida. Sua localização, na maioria dos casos se dá em locais inadequados, degradando o local e seu entorno.
Dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2002), quanto à destinação final de resíduos sólidos de acordo com a população dos municípios, indicam que 63,6% dos municípios brasileiros depositam seus resíduos sólidos em “lixões”, somente 13,8% informam que utilizam aterros sanitários e 18,4% dispõem seus resíduos em aterros controlados, totalizando 32,2 %. Os 5% dos entrevistados restantes não declaram o destino de seus resíduos (Figura B.2)
Verifica-se também que a destinação mais utilizada ainda é o depósito de resíduos sólidos a céu aberto na maioria dos municípios com população inferior a 10.000 habitantes, considerados de pequeno porte, correspondendo a cerca de 48% dos municípios brasileiros.
Impactos ambientais ocasionados por lixões
Os resíduos dispostos em lixões acarretam problemas ambientais, de saúde pública e sociais. A Figura B.3 ilustra os principais impactos ambientais ocasionados pela disposição a céu aberto
Em termos ambientais, os lixões agravam a poluição do ar, do solo e das águas, além de provocar poluição visual.
A decomposição dos resíduos, principalmente da matéria orgânica gera dois subprodutos, ambos com elevado potencial poluidor. São eles: Gás de aterro, cujo principal componente é o Metano (CH4), que causam odores desagradáveis poluindo o ar e contribuindo para a intensificação do efeito estufa e chorume ou lixiviado ou ainda percolado um líquido de coloração escura, malcheiroso e elevada DBO que ocasiona a poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas. O chorume é produzido pela decomposição de substâncias contidas nos resíduos sólido, sendo uma mistura de substâncias inorgânicas, compostos em solução e em estado coloidal e diversas espécies de microorganismos (Figura B.4).
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Embora o chorume e os gases sejam os maiores problemas causados pela decomposição do lixo, o que discutiremos detalhadamente mais adiante, outros problemas associados com sua disposição podem ser assim compreendidos:
Nos casos de lançamento desordenado de resíduos em encostas, é possível ainda ocorrer a instabilidade dos taludes pela sobrecarga e absorção temporária da água da chuva, provocando deslizamentos.
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Em termos sociais, os lixões a céu aberto interferem na estrutura local, pois a área torna-se atraente para as populações de baixa renda do entorno, que buscam, na separação e comercialização de materiais recicláveis, uma alternativa de trabalho, apesar das condições insalubres e subumanas da atividade (FIGURA B6).
Pode-se acrescentar ainda a este cenário, o total descontrole quanto aos tipos de resíduos recebidos nestes locais, verificando-se, até mesmo, a disposição de dejetos originados dos serviços de saúde, principalmente dos hospitais como também das indústrias.
Comumente ainda se associam aos lixões fatos altamente indesejáveis, como a presença de animais, e problemas sociais e econômicos com a existência de catadores, os quais retiram do lixo o seu sustento e, muitas vezes, residem no próprio local.
Somam-se a tudo isso os problemas de saúde pública, como a proliferação de inúmeros vetores de doenças como apresentado na Tabela B1.
Doenças |
Vetor |
Sintomas |
Febre tifóide |
Moscas |
Febre contínua, manchas no tórax e abdome, cefaléia, diarréia. |
Ancilostomose |
Moscas |
Distúrbios intestinais, perturbações do sono, vômitos, dores abdominais. |
Amebíase |
Moscas e Baratas |
Desinteria (fezes com sangue). |
Poliomielite |
Baratas |
Febre, náuseas, cefaléia, vômitos, paralisia. |
Gastroenterite |
Baratas |
Diarréia, vômitos e febre. |
Elefantíase |
Mosquitos. |
Aumento dos vasos, derramamento, edema linfático |
Febre Amarela |
Mosquitos |
Febre, calafrios, náusea, vômitos, pulso lento, cefaléia, icterícia. |
Leptospirose |
Ratos |
Febre alta, coriza, cefaléia, hemorragia, icterícia. |
Peste |
Ratos |
Inflamações hemorrágicas, baço-fígado-pulmões e sistema central. |
Toxoplasmose |
Suínos e Urubus |
Calcifi cações intracerebrais, distúrbios psicomotores. |
Hepatite infecciosa |
Contato com agulhas infectadas, plasma |
Febre, náuseas, icterícia, fadiga, dores abdominais. |
Tabela B1 - Doenças e vetores associadas aos resíduos sólidos dispostos à céu abeto
Fonte: Cussiol (2005)
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