Para relembrar
Aterro sanitário é uma técnica de disposição final que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-se com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário (ABNT NBR 8419/92).
Para que isso ocorra de maneira adequada ambientalmente e dentro de padrões de segurança, são necessárias várias estruturas ou sistemas que desempenham funções específicas.
Vamos iniciar nosso estudo sobre esses sistemas e elementos que constituem um aterro sanitário aprendendo algumas definições:
Um aterro sanitário conta necessariamente com as seguintes unidades:
Tem a função de impedir ou reduzir significativamente a infiltração no solo dos lixiviados e gases pela base ou fundo do aterro. A impermeabilização é constituída por vários materiais, como por exemplo, material argiloso compactado e geomembranas que formam uma série de camadas sobrepostas. Além da impermeabilização da base são adotados também como elementos de controle em aterros os sistemas de coleta e extração de lixiviados, sistemas de coleta e extração de biogás e camadas de cobertura diária e final. A Figura C.2 mostra a instalação de geomembrana de PEAD de base de um aterro em implantação.
O sistema de drenagem de águas pluviais tem como função minimizar a entrada de águas de chuva para o interior do aterro, drenando a precipitação sobre as áreas do aterro sanitárias já concluídas e cobertas reduzindo, dessa forma, a geração de líquidos lixiviados e o escoamento superficial, que pode provocar erosão nos taludes do aterro e comprometer o funcionamento das camadas de cobertura final (Figura C.3)
O sistema de drenagem pluvial é composto por canais construídos em argila compactada, solo revestido em concreto, meia-cana ou tubos de concreto, gabiões e materiais alternativos como tiras de pneu e entulho da construção civil
Na fundação dos aterros, juntamente com a execução da camada de impermeabilização, são implantados sistemas de drenagem constituídos por tubos de concreto ou PEAD perfurados envoltos em material granular subjacentes às camadas drenantes de areia e ou brita/cascalho (Figura C.4). Essas tubulações conduzem o percolado às unidades de tratamento localizadas geralmente na menor cota do terreno.
O sistema de drenagem deve ser dimensionado de forma a coletar e remover o mais rapidamente possível os lixiviados gerados, evitando seu acúmulo na massa de resíduos e os possíveis problemas de instabilidade associados a isso.
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Em relação ao tratamento do chorume utilizando-se técnicas semelhantes ao tratamento de efluentes doméstico. Os sistemas de tratamento mais empregados são:
No aterro controlado de Pelotas, RS o sistema de tratamento do chorume é composto por: filtro anaeróbico e lagoa anaeróbia, facultativas e de maturação (Figura C.5)
O sistema de captação de gases de aterro tem o objetivo de coletar e remover os gases gerados pela decomposição da matéria orgânica no interior do aterro sanitário.
Para o sistema de drenagem de gases de aterros, são utilizados tanto drenos verticais quanto horizontais para a retirada do gás dos aterros distribuídos em diversos pontos do aterro. Os drenos verticais de gás são os mais utilizados, sendo que, nesse caso, sempre são interligados com os drenos horizontais de lixiviados.
As três formas mais usuais de se construir drenos verticais são:
A Figura C.6, ilustra as formas de construção dos drenos de gás
O monitoramento ambiental tem como objetivo verificar se as obras de drenagem e impermeabilização cumprem com a função de isolar o entorno do aterro dos resíduos e efluentes potencialmente poluidores. Nesse caso o principal foco de monitoramento é a água superficial e a subterrânea (lençol freático)
O monitoramento é realizado pela comparação de parâmetros estabelecidos no plano de monitoramento analisados de amostras de águas de superfície e do lençol freático captadas no perímetro da área de aterramento com análises de amostras das águas de montante e jusante da área de aterro.
As águas superficiais deverão ser coletadas em dois pontos: dois próximos ao local de lançamento dos efluentes líquidos tratados, sendo um à jusante do lançamento e outro à montante.
As águas de lençol freático deverão ser coletadas em piezômetros construídos ao longo do perímetro do sítio, sendo, no mínimo 3 piezômetros à jusante e um à montante, considerando o fluxo preferencial do lençol freático (Figura C.7).
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Além da água superficial e subterrânea é necessário o monitoramento dos efluentes do aterro e das unidades de tratamento. O local de lançamento do efluente tratado deverá ser monitorado para avaliação do efluente final que será lançado no corpo hídrico.
NA Figura C.9 observa-se a coleta do chorume (em detalhe) no aterro controlado de Pelotas, RS para realização de análise de acordo com o plano de monitoramento ambiental.
Os resultados de análises deste ponto deverão ser periodicamente enviados ao órgão de controle ambiental, para fins de comparação com os limites máximos de emissão de efluentes líquidos de acordo com a legislação de emissão de efluentes líquidos vigente.
Na tabela C1 é apresentado uma proposta de periodicidade de coleta e análise, bem como dos parâmetros a serem analisados para as águas superficiais, águas subterrâneas ou subsuperficiais, lixiviados nas unidades de tratamento, e lixiviado no ponto de emissão final pós-tratamento.
Meio |
Periodicidade |
Parâmetros |
Águas superficiais |
Bimestral |
Temperatura; |
Águas subterrâneas (subsuperfíciais) |
Bimestral |
Nível da água; |
Quadrimensal |
Análises do bimestral incluindo Mg, Fe, Mn, Cd, Cr, Zn |
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Tratamento de percolados |
Semanal |
Vazão, Temperatura, pH |
Mensal |
DQO, DBO, NH4; Cl e inclui os parâmetros semanais |
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Trimestral |
Análise mensal incluindo SO4, Na, K |
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Semestral |
Como trimestral mais Mg, Fe, Mn, Cd, Cr, Zn |
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Percolado tratado |
Mensal |
Vazão, pH, DBO |
Trimestral |
Como mensal mais Cl, NH4, SO4, DQO, DBO, Na |
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Anual |
Como trimestral incluindo Fe, Mn, Cd, Cr, Cu; Zn |
Tabela C1. Análises necessárias em um plano de monitoramento em aterro sanita´rio e sua periodicidade.
Fonte: do autor
Já o monitoramento geotécnico de aterros sanitários é uma importante ferramenta que permite a contínua avaliação das condições de segurança deles, além de possibilitar a contínua estimativa da vida útil dos aterros sanitários, já que os RSU são materiais altamente deformáveis.
No monitoramento geotécnico o principal objetivo é o acompanhamento periódico do recalque do aterro.
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Os recalques causam movimentos verticais e horizontais do aterro, o que pode desestabilizar o aterro e provocar o desmoronamento do mesmo (Figura C.10).
Com o objetivo de monitorar os recalques, os deslocamentos horizontais e o comportamento do maciço do aterro sanitário com um todo, deve ser prevista a instalação de placas de recalques e marcos de superfície.
As placas de recalque são dispositivos que devem ser instalados na camada de resíduos, nos talude, nas bermas e no topo do aterro, permitindo o acompanhamento dos recalques por adensamento do aterro (Figura C.11). Estes dispositivos têm as seguintes características:
Os marcos superficiais são instalados na camada de cobertura final do aterro após a conclusão do mesmo, e têm o objetivo de medir os recalques e deformações horizontais. Os marcos podem ser confeccionados em formato piramidal, utilizando concreto simples, e instalados firmemente na superfície do aterro. As leituras periódicas deverão ser feitas de maneira análoga às das placas de recalque.
O cercamento da área deve ser executado para dificultar o ingresso de pessoas não autorizadas na área do aterro, como por exemplo, catadores.
Uma boa medida é construir a cerca, com aproximadamente dois metros de altura, com moirões de concreto nos quais são passados cinco fios de arame galvanizado, igualmente espaçados. Acompanhando a cerca de arame, recomenda-se a implantação de uma barreira vegetal, com uma espessura mínima de 20 metros, para impedir a visão da área operacional e auxiliar na dispersão do cheiro característico do lixo.
Devem ser capazes de permitir o trânsito livre de veículos de carga, ao longo de todo o ano e desde a zona urbana até a frente de operações do aterro em cada momento. As estradas de acesso e de serviço devem ser executadas em pavimento primário. Nos aterros de pequeno porte, os acessos internos podem ser construídos com vários materiais: saibro, rocha em decomposição, material de demolição e produtos de pedreira.
A balança é um elemento de extrema importância para o controle da operação e da vida útil do aterro.
Dever ser localizada junto à guarita de controle e com capacidade de medição compatível com o peso total dos caminhões coletores utilizados, com carga plena.
A montagem da balança deve seguir rigorosamente as instruções do fabricante, tomando-se os cuidados necessários para o perfeito nivelamento das plataformas de pesagem. Concluída a montagem, deve-se proceder à sua aferição oficial com o auxílio da equipe de fiscalização.
Deve ser posicionada preferencialmente junto à entrada da área. A guarita de controle, no caso da existência de balança rodoviária deverá ter dimensões suficientes e ser adequadamente localizada de modo abrigar os instrumentos de controle e registro da balança. Deverá também possibilitar condições adequadas de trabalho ao vigilante.
o alojamento de ser dotado de escritório, almoxarifado, ferramentaria, instalações sanitárias completas e local para refeições. Poderá ser localizado próximo à guarita ou em local apropriado.
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