Unidade C – Seleção de áreas para implantação de aterros

Seleção preliminar das áreas disponíveis

A seleção preliminar das áreas disponíveis no Município deve ser feita da seguinte forma:

  1. Estimativa preliminar da área total do aterro.
  2. Delimitação dos perímetros das regiões rurais e industriais e das unidades de conservação existentes no Município.
  3. Levantamento das áreas disponíveis.
  4. Pré-seleção das áreas disponíveis.
  1. Estimativa preliminar da área total do aterro
  2. Para o cálculo da área necessária para um aterro são necessários dados como: Com esses dados é possível calcular o volume anual de resíduos, a área necessária e o tempo de vida útil do aterro. Para isso, são necessários alguns cálculos apresentados preferencialmente na forma de tabela, como Tabela C4

    Ano População
    (hab)
    Geração per capita
    (kg hab-1 dia-1)
    Taxa de crescimento da geração per capita (%) Serviço de coleta (%) Geração diária
    (kg dia-1)
    Geração anual
    (t ano-1)
    Resíduos recicláveis
    (t ano-1)
    Resíduos dispostos no aterro
    (t ano-1)
    Volume de resíduos compactados
    (m3 ano-1)
    Volume do material de cobertura
    (m3 ano-1)
    Volume total
    (m3ano-1)
    Área de ocupação anual do aterro
    (m2)
    A B C D E F G H I J L M N
                             
                             
                             
                             
                             

    Tabela C4: Etapas do cálculo da áre para implantação de aterro sanitário
    Fonte: do autor

    Coluna A – Vida útil (anos) do empreendimento.

    Coluna B – População do município(s) de estudo considerando a taxa de crescimento populacional.

    Coluna C – Geração per capita (Gpc) (dado que pode ser obtido por diferentes maneiras, como foi discutido na Unidade A4).

    Coluna D – Taxa de crescimento da geração per capita (TGpc) (valor estimado em função do crescimento econômico, aumento do poder aquisitivo, n ível educacional etc.).

    Coluna E – Abrangência do serviço de coleta de resíduos do município (SCo) (esse valor pode variar ao longo da vida útil do aterro).

    Coluna F – Cálculo da geração diária de resíduos (kg dia-1)  considerando os valores das colunas B, C,D,e E.

    Para o cálculo da geração diária (Gd) utiliza-se a seguinte equação:

    Coluna G – Geração anual de resíduos (Ga) em tonelada por ano (t ano-1).

    Coluna H – Quantidade de resíduos recicláveis (RR) em tonelada por ano. Calculada pelo percentual de resíduos reciclados no município multiplicado pela geração anual de resíduos (Ga).

    Coluna I – Peso de resíduos encaminhados para o aterro (RA) em toneladas por ano.

    Coluna I = Coluna G – Coluna H

    Coluna J – Volume anual de resíduos compactados no aterro (m3 ano-1). O volume anual de resíduos é calculado a partir do peso de resíduos encaminhados para o aterro (RA, coluna I) e o peso específico dos resíduos compactados no aterro (t m-3).

    Coluna L  – Volume do material de cobertura (Vco) – O Vco é dado pelo percentual de material utilizado por m3 de resíduo aterrado multiplicado pelo volume de resíduos compactados anualmente como apresentado na equação abaixo:

    Coluna M –  Volume total anual de material no aterro (VT), obtido pela soma da coluna J e a coluna L dado em tonelada por ano (t ano-1).

    Coluna N – Área de ocupação anual do aterro (m2) – calculada pela relação entre o volume total de material (m3) e a altura da célula ou camada do aterro (m).

  3. Delimitação dos perímetros das regiões rurais e industriais e das unidades de conservação existentes no Município.
  4. Estabelecida a área necessária para o aterro, a próxima etapa é delimitar as áreas de proteção ambiental, áreas de nascentes, afloramento do lençol freático, de recarga do aquífero, áreas rurais, urbanas e industriais através de uma análise conjunta de condicionantes técnicos, jurídicos, ambientais, sociais, econômicos e políticos.

    Levantamento e análise da legislação municipal, estadual e federal em relação ao uso do solo, áreas urbanas e expansão, plano diretor, áreas de proteção ambiental como mananciais, áreas de preservação.

    Todas as restrições identificadas pelo levantamento anterior devem ser mapeadas e marcadas em planta topográfica da região de estudo.

     

    Pesquise sobre a legislação de seu município a respeito das restrições de áreas para implantação de aterro sanitário.

     

  5. Levantamento das áreas disponíveis
  6. Em função de critérios como: áreas com dimensões compatíveis com a estimativa realizada, áreas que já pertencem ao Município; áreas próximas ao centro gerador etc. delimitam-se as áreas disponíveis na planta das limitações.

    A figura C.12 mostra um exemplo de seleção de área para aterro. Neste exemplo, após a marcação das áreas inadequadas (áreas de preservação, propriedades agrícolas, matas etc.) na planta topográfica delimitou-se um raio de 10 e 20 km do centro de geração com o intuído de avaliar áreas disponíveis próximas aos locais de coleta, reduzindo assim o custo com o transporte e coleta dos resíduos.

    A área escolhida deve atender aos quesitos estabelecidos previamente e à decisão tomada pela análise de plantas topográficas, fotografias aéreas e imagens de satélite. Após a identificação de locais mais favoráveis, realiza-se a pesquisa de campo, com os objetivos de avaliar in situ possíveis interferências e características de cada local como: dimensões, topografia do local, tipo de solo, afloramento de rocha, nascentes, vegetação do local, distância de curso de água e outras informações relevantes estabelecidas pela equipe de projeto.

  7. Pré-seleção de áreas
  8. Baseando-se nas informações obtidas em campo, estabelece-se um conjunto de locais mais promissores e que atendam aos requisitos necessários para a implantação do aterro sanitário.

    Nessas áreas pré-selecionadas executam-se pesquisas mais detalhadas sobre suas características relacionadas com o solo, geologia, topografia etc.

    No Quadro C2 são apresentados os principais estudos realizados para seleção de locais para implantação de aterro.

    Estudos Objetivos

    Geológico-geotécnicos

    – Distribuição e características das unidades geológico-geotécnicas da região.

    – Principais feições estruturais (foliação, falhas e fraturas).

    – Permeabilidade do solo.

    – Capacidade de carga do terreno de fundação.

    Pedológicos

    – Tipos de solo da região.

    – Disponibilidade de materiais de empréstimo.

    – Espessura do solo.

    Topográfico

    – Identificação de áreas de morros, planícies, encostas, etc.

    – Declividade dos terrenos.

    Hidrológicos

    – Profundidade do lençol freático.

    – Padrão de fluxo subterrâneo.

    – Qualidade das águas subterrâneas.

    – Riscos de contaminação.

    – Localização das zonas de recarga das águas subterrâneas.

    – Principais mananciais de abastecimento público.

    – Áreas de proteção de manancial.

    Climático

    – Regime de chuvas e precipitação. pluviométrica (série histórica).

    – Direção e intensidade dos ventos.

    – Dados de evapotranspiração.

    Arqueológicos

    – Laudo de existência ou não de sítios de interesse arqueológico.

    Econômicos

    – Valor da terra.

    – Uso e ocupação dos terrenos.

    – Distância da área em relação aos centros atendidos.

    – Integração a malha viária.

    – Aceitabilidade da população e de suas entidades organizadas.