Os aterros sanitários são obras de engenharia extremamente dinâmicas, e se caracterizam por ocorrerem variações diárias na condução das atividades. Um plano de operações deve ser elaborado para nortear a operação do dia-a-dia do aterro sanitário. Abaixo são descritas as operações necessárias em um aterro sanitário.
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Recepção dos resíduos
A recepção dos resíduos deve ser realizada na portaria/guarita do aterro sanitário e consiste na operação de inspeção preliminar, durante a qual os veículos coletores, são vistoriados por fiscal/balanceiro (Figura E.1).
Esse profissional deve verificar e registrar a origem, a natureza e a classe dos resíduos que chegam ao empreendimento; orientar os motoristas quanto à unidade na qual os resíduos devem ser descarregados; impedir que resíduos incompatíveis com as características do empreendimento ou provenientes de fontes não autorizadas sejam lançados no mesmo e promover a pesagem dos veículos cuja entrada no empreendimento tenha sido por ele autorizada.
Esse profissional deve verificar e registrar a origem, a natureza e a classe dos resíduos que chegam ao empreendimento; orientar os motoristas quanto à unidade na qual os resíduos devem ser descarregados; impedir que resíduos incompatíveis com as características do empreendimento ou provenientes de fontes não autorizadas sejam lançados no mesmo e promover a pesagem dos veículos cuja entrada no empreendimento tenha sido por ele autorizada.
Na balança rodoviária será realizada a pesagem dos veículos coletores para se ter controle dos volumes diários e mensais dispostos no local (Figura E.1).
No caso dos aterros sanitários que não possuam balança rodoviária, deve ser identificada alternativa para a pesagem dos caminhões em outro local, de forma a possibilitar o controle dos quantitativos dos resíduos recebidos no aterro.
Os dados devem ser preenchidos corretamente no "formulário para pesagem diária de veículos" (Figura E.2).
É através deste formulário que o município terá informações sobre a eficiência de execução do sistema de limpeza urbana, permitindo uma melhor avaliação das rotas, cumprimento de horário, etc.
O controle de acesso garante que os resíduos somente serão aceitos no aterro durante o horário de operação do aterro. Isso garante que não descarregados resíduos não permitidos. Durante o horário de operação deverá um porteiro e fora desses horários, um ou dois guardas.
Um segundo aspecto do controle de acesso é garantir que os veículos façam a descarga dos resíduos no local correto (na frente se serviço), evitam a descarga desordenada. Em grandes aterros, com alto fluxo de veículos, normalmente são utilizados um ou dois encostadores de caminhão próximo à área de descarga e compactação (frente de serviço), evitando a descarga caótica e interferências com os equipamentos que fazem a compactação dos resíduos depositados (Figura E.3).
Disposição dos resíduos
A área de disposição dos resíduos deve ser previamente delimitada por uma equipe técnica de topografia. No início de cada dia de trabalho, deverão ser demarcados com estacas facilmente visualizadas pelo tratorista os limites laterais, a altura projetada e o avanço previsto da frente de operação ao longo do dia. (Figura E.4).
A demarcação da frente de operação diária permite uma melhor manipulação do lixo, tornando o processo mais prático e eficiente. A operação de descarga de resíduos junta à frente trabalho é apresentada na Figura E5.
Nos períodos de chuvas intensas ou quando, por qualquer motivo, a frente de operação estiver impedida de ser operada ou acessada, recomenda-se manter uma área para descarga emergencial, previamente preparada, de acordo com o projeto do aterro sanitário.
Em locais onde existe a possibilidade de carreamento de materiais pelo vento, recomenda-se a utilização de telas de proteção na frente de operação.
Os métodos de disposição dos resíduos variam; e são função também do tipo de aterro e de sua geometria. A maneira mais usual de disposição e compactação dos resíduos em aterros é descrita a seguir:
O veículo coletor descarrega o mais próximo possível da frente de serviço. Neste momento, o funcionário do aterro (o encostador de caminhão) tem o papel importante de orientar o motorista e não deixá-lo efetuar a descarga em qualquer lugar. Na sequência, um trator-de-esteiras faz o espalhamento e a compactação dos resíduos em rampa (Figuras E.6 e Figura E.7).
O caminhão deve depositar o resíduo em “pilhas” imediatamente a jusante da frente de operação demarcada, conforme definido pelo fiscal. O desmonte dessas pilhas de resíduos deverá ser feito com o auxílio da lâmina do trator de esteira, que, em seguida, procederá a seu espalhamento e compactação.
Existem outras formas de descarregamento dos resíduos no aterro, que dependem principalmente do fluxo de veículo no aterro e da capacidade de operação do aterro.
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Espalhamento e compactação dos resíduos
A disposição cuidadosa dos resíduos no aterro deve seguir o plano de operações (discutido anteriormente), e é um aspecto essencial para uma operação adequado do aterro sanitário. Nesse aspecto, a compactação e a cobertura das células são fundamentais.
A compactação deve garantir que todo o resíduo seja compactado para atingir a melhor densidade possível no enchimento do aterro. Esta compactação reduz os vazios no interior do aterro, diminuindo a entrada de água e a consequente geração de lixiviados; reduz os adensamentos; e confere maior estabilidade ao aterro diminuindo o risco de colapso.
Alcançar boa compactação dos resíduos no aterro corresponde a reduzir a probabilidade de ocorrerem problemas futuros.
A técnica correta estabelece que o lixo seja descarregado no solo, no sopé do início da vala ou da célula anterior, e empurrando por trator de esteira ou similar, formando rampas, com inclinação, correspondendo a 1(V):2(H) ou 1(V):3(H). (Figura 8)
Dessa forma, o peso do trator, concentrando-se na traseira do sistema de esteiras, quebra e amassa caixas, latas, garrafas, etc., reduzindo o volume do lixo de maneira mais eficiente. Para obtenção de bons resultados, recomenda-se que a compactação se desenvolva no sentido ascendente e que seja repetida três a cinco vezes sobre cada camada de lixo.
A rampa deve ter declividade da ordem de 1:3 ou 1:2 (V:H), otimizando a distribuição do peso na roda motriz (roda de tração) do trator e conferindo uma maior compactação aos resíduos. Rampas muito íngremes, além de levarem o trator-de-esteiras a patinar, também causam problemas de lubrificação do motor do trator.
Em aterro de operação manual (para pequenas comunidades) equipamentos mais simplificados, como rolos compactadores de tração humana, podem ser usados. Na figura E9 apresenta-se um exemplo desse tipo de equipamento de compactação em aterro simplificados.
O espalhamento deve ser feito em camadas finas, que tenha entre 30 e 50 cm de espessura. Após o espalhamento dessas finas camadas, a compactação é feita pela passagem sucessiva do trator-de-esteiras que o trator está com a lâmina frontal erguida, e está somente compactando, sem estar fazendo o espalhamento dos resíduos). Geralmente são feitas de 3 a 5 passadas de trator-de-esteiras no mesmo local, sendo que a máquina deve ter peso operacional maior ou igual 14000kg (tipo D9T da Carterpillar ou similar) como apresentado na Figura D.10.
O número necessário de passadas também depende da umidade dos resíduos de quantidade de material denso presente nos resíduos.
A compactação desejada em aterro que utilizam máquinas pesadas para a compactação (como os tratores-de-esteiras) é da ordem de 700 a 1000 kg/ m3, densidade de compactação obtida com 3 a 5 passadas de trator com peso operacional de 14000 kg).
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Formação da Célula
Após o espalhamento e a compactação, toma forma a célula de resíduos. (Assunto discutido na subunidade Projeto e métodos construtivos de aterros) .
Dá-se a denominação de célula a um leito que inclui o material de aterro (resíduos) e de cobertura, e várias células se superpõem sucessivamente, formando uma camada ou patamar até atingir a altura final determinada no projeto executivo.
A altura de cada célula ou camada do aterro varia de 2 a 5 m. Em aterros de grande porte, acima de 200 t/d, as larguras adotadas variam de entre 3 e 5 m, e em aterro menores, essas alturas também são menores.
Assim também ocorre com largura da frente de serviço. Esta deve ser suficiente larga para permitir a descarga dos veículos coletores; mas não deve ser muito larga a ponto de dificultar a compactação e utilizar excesso de material de cobertura.
Para a definição da largura da frente de serviço, utiliza-se o critério de que a forma de célula, que implica a utilização de menor volume para cobertura diária, é a célula quadrada.
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Cobertura dos resíduos
A cobertura dos resíduos divide-se em: diária e final.
A cobertura diária consite de uma camada de material inerte (terra, entulho etc.) com espessura de 15 a 20cm, tem o objetivo de impedir o arraste de materiais pela ação do vento e evitar a disseminação de odores desagradáveis e a proliferação de vetores, como moscas, ratos, baratas e aves.
Em locais com escassez de material de cobertura, inevitavelmente uma camada mais fina de cobertura será utilizada, com uma periodicidade maior.
Alternativamente, a frente de serviço (rampa) pode ser coberta, a cada fim de jornada de trabalho, por mantas geossintéticas leves que são removidas na manhã seguinte, na retomada da disposição dos resíduos.
Em aterro de grande porte, que operam nas 24 horas do dia, parando somente nos domingos, a rampa, como está sempre em serviço, não recebe cobertura; sendo a cobertura intermediária feita somente na parte superior da célula.
Com o objetivo de evitar a formações de bolsões de lixiviados entre camadas do aterro, principalmente junto aos taludes, o que pode gerar instabilidade do maciço e possibilidade de aparecimento de vazamentos de lixiviado nos pés do talude (o chamado “choro de pé de talude”), procede-se a remoção de solos de baixa permeabilidade usada na cobertura intermediária antes da colocação de nova camada de resíduos. Isso permitirá uma melhor movimentação dos lixiviados para a camada de resíduos mais abaixo.
Uma vez esgotada a capacidade da plataforma do aterro, procede-se à sua cobertura final com uma camada de argila compactada com cerca de 60 cm de espessura (ou de acordo com a espessura definida no projeto técnico) sobre as superfícies que ficarão expostas permanentemente - bermas, taludes e platôs definitivos.
Após o recobrimento, deve-se proceder ao plantio de gramíneas nos taludes definitivos e platôs, de forma a protegê-los contra a erosão e visando ao uso futuro do local (assunto que será discutido na próxima semana).
Controle e manutenção geral do aterro
Além das operações citadas, um aterro deve estar preparado para funcionar em qualquer condição. Nesse caso, são previstas operações como:
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O Quadro E.1, apresenta uma síntese das atividades a serem realizadas para o controle e acompanhamento do aterro sanitário.
COMPONENTE, ESTRUTURA OU EQUIPAMENTO DO ATERRO SANITÁRIO | FREQUÊNCIA DE INSPEÇÃO |
Higienização das edificações |
Diária |
Limpeza da unidade, com remoção dos materiais espalhados pelo vento |
Diária |
Capina da área, para manutenção do paisagismo |
Mensal |
Manutenção dos portões e cerca de isolamento |
Mensal |
Manutenção do cinturão verde |
Mensal |
Limpeza e manutenção dos dispositivos de drenagem pluvial |
Semanal |
Limpeza e manutenção das estruturas de drenagem de chorume |
Semanal |
Manutenção dos dispositivos de queima dos gases |
Diária |
Verificação do sistema de cobertura das plataformas |
Semanal |
Limpeza e manutenção das vias de acesso |
Semanal |
Inspeção e manutenção dos instrumentos de monitoramento |
Mensal |
Limpeza e manutenção dos veículos e equipamentos |
Diária |
Sistema de fiscalização, controle e inspeção dos resíduos |
Diária |
Limpeza e manutenção do sistema de tratamento de chorume |
Semanal |
Controle da saúde dos funcionários |
Semestral |
Quadro E.2 - Atividades para acompanhamento do aterro sanitário na fase de operação