E.2. Instalação e configuração do correio eletrônico no Debian/Linux
No Linux estão disponíveis vários softwares que implementam o servidor SMTP, dentre estes temos o Postfix. Trata-se de um MTA robusto e, como veremos a seguir, de fácil configuração. Para realizar a instalação do serviço devemos executar o seguinte comando no terminal como root:
#apt-get install postfix
Será exibida uma tela solicitando que você indique o tipo de servidor que você deseja configurar (Figura E2.1.1). O recomendado é escolher a opção Site Internet que instala todos os recursos necessários para a criação de um servidor de correio eletrônico para sua a rede local.
Na tela seguinte solicita-se a informação dos FQDN utilizados pelo seu domínio. Este parâmetro indica por quais nomes o servidor de e-mail deverá responder. Você pode informar o nome DNS do servido como Figura E2.1.2. Se necessário, posteriormente você pode adicionar mais domínios através do arquivo de configuração do Postfix.
O Postfix é responsável pelo envio de mensagens. Para que o nosso serviço fique completo, também é necessário também instalar os servidores de recuperação de mensagens. No Debian podemos instalar o Courier que implementa os protocolos POP e IMAP. Para tanto basta instalar os pacotes correspondentes com o seguinte comando:
#apt-get install courier-pop courier-imap
Agora é necessário fazer alguns ajustes no Postfix. Os arquivos de configuração do são instalados no diretório /etc/postfix sendo que o principal arquivo chama-se main.cf. É neste arquivo que devemos realizar algumas adequações. Veja a seguir um exemplo do conteúdo deste arquivo:
- myhostname= debian.minhaempresa.com.br
- mydomain= minhaempresa.com.br
- append_dot_mydomain=no
- alias_maps=hash:/etc/aliases
- alias_database=hash:/etc/aliases
- myorigin=/etc/mailname
- mydestination=debian.minhaempresa.com.br, minhaempresa.com.br, localhost
- relayhost=
- mynetworks=127.0.0.0/8, 192.168.1.0/24
- home_mailbox=Maildir/
- mailbox_command=
- recipient_delimiter=+
- inet_interfaces=all
- inet_protocols=all
- message_size_limit=20000000
- mailbox_size_limit=0
O parâmetro myhostname (linha 1) indica o nome totalmente qualificado(FQDN) da máquina onde o Postfix está instalado. Este nome deve ser o mesmo declarado no arquivo /etc/hosts:
192.168.1.10 debian.minhaempresa.com.br debian
A instrução mydomain (linha2) indica o domínio local. Deve-se também ajustar as configurações de domínio no arquivo /etc/resolv.conf, como vimos na unidade B. Dessa forma, é garantido que o Postfix esteja configurado corretamente com seu FQDN.
Na linha 7 encontra-se o comando mydestination, que indica quais domínios serão considerados endereços locais pelo servidor. Este parâmetro é importante, pois é utilizado pelo servidor para determinar se ele pode responder ou não por um determinado nome. Considerando o exemplo acim, temos um servidor que poderá encaminhar as mensagens destinadas a:
- usuário@minhaempresa.com.br
- usuario@debian.minhaempresa.com.br
- usuário@localhost
Na linha 8 encontra-se a instrução Relayhost. Esta opção é utilizada para indicar um servidor SMTP externo para realizar o envio de mensagens. Caso todas as mensagens sejam gerenciadas pelo servidor local deve-se deixar esta opção em branco.
O parâmetro mynetworks na linha 9 informa de quais redes o servidor Postfix proverá seus serviços. Por exemplo, se você apenas quiser um servidor que atenda aos hosts da rede interna, você deverá especificar aqui o endereço de rede da mesma. A instrução inet_interfaces (linha 13) tem uma função informando ao servidor por qual interface de rede o servidor deverá aguardar conexões SMTP. O padrão desta opção é vir com o valor loopback-only, ou seja, neste caso o servidor escutaria apenas requisições da interface de loopback. Se quisermos que ele escute as requisições das demais interfaces devemos alterar o seu valor para all.
A instrução home_mailbox (linha 10) define o formato das caixas postais das mensagens do servidor. O formato mais indicado é o Maildir, que organiza em uma estrutura de diretórios as mensagens de caixa-postal, tornando sua varredura muito mais rápida. Este parâmetro informa que o Postfix deve realizar e entregar mensagens eletrônicas no diretório home de cada usuário em uma pasta chamada “Maildir” onde sob esta encontra-se uma estrutura de diretórios na qual as mensagens serão armazenadas. Se esta linha não estiver no arquivo de configurações do Postfix deverá ser adicionada. O comando mailbox_command (linha 11) deverá ficar em branco.
Para os usuários já cadastrados no sistema, é necessário criar esta pasta manualmente em seu diretório home e ajustar suas permissões de acesso. Por exemplo, se no sistema já tivermos um usuário chamado “ifsul” o procedimento seria:
#cd /home/ifsul/
#maildirmake Maildir
#chown ifsul.ifsul Maildir/
Este processo aplica-se apenas a usuários já existentes. Para que os novos usuários podemos configurar através do skel a criação automática desta pasta com o comando:
#maildirmake /etc/skel/Maildir
Para verificar testar, crie um novo usuário no sistema e verifique se o diretório /home do mesmo contém a pasta Maildir:
#adduser novo_usuario
Com estes passos, o nosso servidor SMTP já está pronto para ser utilizado, sendo apenas necessário reiniciá-lo para efetivar as alterações:
#Invoke-rc.d postfix restart
O postfix também possui uma opção Invoke-rc.d postfix reload que apenas carrega as alterações do arquivo de configuração sem reiniciar o servidor. E é claro, como nos demais serviços, que o servidor de e-mail também pode ser gerenciado com os comandos Invoke-rc.d postfix stop e Invoke-rc.d postfix start.
Após esse processo, temos um servidor de e-mail totalmente funcional, sendo possível configurar nossos clientes de e–mail para realizar a troca de mensagens através do mesmo. Para configurar a conta, você pode utilizar o endereço IP do servidor (Figura E2.2.1).
Caso o seu servidor esteja instalado em uma rede com servidor DNS local, você pode adicionar registros do mesmo no arquivo de configuração do domínio local e, é claro, na zona reversa (Figura E2.2.2).
Após reiniciar o servidor bind você pode utilizar os nomes DNS para configurar os clientes de e-mail (Figura E2.2.3).
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