Unidade C – Propriedades físicas e ensaios com agregados graúdos

Introdução

Assim como foi comentado no estudo dos agregados miúdos, conhecer as propriedades e características dos agregados graúdos é de grande importância para definir os usos mais adequados que se podem fazer deles. A seguir são apresentadas as principais propriedades físicas e os índices de qualidade dos agregados graúdos, dos quais grande parte também é avaliada por meio de ensaios previstos em normas técnicas, definidas anteriormente.

Granulometria

O procedimento para determinação da granulometria de agregados graúdos é muito semelhante ao processo dos agregados miúdos. As diferenças principais são as aberturas das peneiras utilizadas e o tamanho da amostra peneirada. Relembrando a tabela da norma, apresentada na granulometria de agregados miúdos, a amostra para peneiramento de agregado graúdo varia entre 3 e 30 kg, dependendo do diâmetro máximo do agregado.

A seguir, é apresentado um exemplo de granulometria de agregado graúdo, seguindo o mesmo procedimento já visto no item anterior desta unidade. A planilha apresenta a quantidade de amostra em massa que ficou retida em cada peneira, para as duas determinações (sequências de peneiramento) e a soma total.

COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA - NBR 7217

Peneiras

1ª Determinação

2ª Determinação

% Retida Média

% Retida Acumulada

mm

Peso Retido (g)

% Retida

Peso Retido (g)

% Retida

3"

76

0

 

0

 

 

 

 

2 1/2"

64

0

 

0

 

 

 

 

2"

50

0

 

0

 

 

 

 

1 1/2"

38

0

 

0

 

 

 

 

1 1/4"

32

0

 

0

 

 

 

 

1"

25

33

 

25

 

 

 

 

3/4"

19

317,8

 

421,4

 

 

 

 

1/2"

12,5

7258,9

 

7376,1

 

 

 

 

3/8"

9,5

2001,9

 

2262,7

 

 

 

 

1/4"

6,3

791

 

858

 

 

 

 

4

4,8

123

 

119

 

 

 

 

8

2,4

0

 

0

 

 

 

 

16

1,2

0

 

0

 

 

 

 

30

0,6

0

 

0

 

 

 

 

50

0,3

0

 

0

 

 

 

 

100

0,15

0

 

0

 

 

 

 

Fundo

<0,15

20,4

 

29,6

 

 

 

 

TOTAL

 10546,0

 

11091,8 

 

 

 

 

A seguir, calculamos a porcentagem que o peso do material retido em cada peneira representa em relação ao peso total da amostra. Da mesma forma, o cálculo dessa porcentagem é feito dividindo-se o peso que ficou retido em cada peneira pelo peso total da amostra. O valor resultante é multiplicado por 100 para transformar em porcentagem. Para exemplificar, faremos o cálculo para as quantidades retidas na peneira 25.

No peneiramento da primeira amostra (primeira determinação) temos 33 g de material retidos na peneira 25 mm. Dividindo 33 g pelo peso total da amostra, que é 10546,0 g, temos 0,003 e multiplicando esse valor por 100 temos 0,3%. Ou seja, 33 g representa 0,3% de 10546,0 g. Da mesma forma, no peneiramento da segunda amostra (segunda determinação) temos 25 g de material retidos na peneira 25 mm. Dividindo 25 g pelo peso total da amostra, que é 11091,8 g, temos 0,002 e multiplicando esse valor por 100 temos 0,2%. Ou seja, 25 g representa 0,2% de 11091,8 g.

Fazendo o mesmo cálculo para os pesos retidos nas demais peneiras, nas duas determinações, temos:

COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA - NBR 7217

Peneiras

1ª Determinação

2ª Determinação

% Retida Média

% Retida Acumulada

mm

Peso Retido (g)

% Retida

Peso Retido (g)

% Retida

3"

76

0

0,0%

0

0,0%

     

2 1/2"

64

0

0,0%

0

0,0%

     

2"

50

0

0,0%

0

0,0%

     

1 1/2"

38

0

0,0%

0

0,0%

     

1 1/4"

32

0

0,0%

0

0,0%

     

1"

25

33

0,3%

25

0,2%

     

3/4"

19

317,8

3,0%

421,4

3,8%

     

1/2"

12,5

7258,9

68,8%

7376,1

66,5%

     

3/8"

9,5

2001,9

19,0%

2262,7

20,4%

     

1/4"

6,3

791

7,5%

858

7,7%

     

4

4,8

123

1,2%

119

1,1%

     

8

2,4

0

 0,0%

0

0,0%

     

16

1,2

0

 0,0%

0

0,0%

     

30

0,6

0

 0,0%

0

0,0%

     

50

0,3

0

 0,0%

0

0,0%

     

100

0,15

0

0,0%

0

0,0%

     

Fundo

<0,15

20,4

0,2%

29,6

0,3%

     

TOTAL

 10546,0

100%

11091,8

100%

     

Após determinar as porcentagens retidas em cada determinação, procede-se ao cálculo da porcentagem média retida em cada peneira. Voltando ao nosso exemplo: na primeira determinação 0,3% da amostra ficou retida na peneira 25 mm e na segunda determinação a porcentagem retida foi de 0,2% na mesma peneira. Neste caso, a porcentagem retida média na peneira 25 é a soma de 0,3% e 0,2% dividida por 2, o que resulta 0,25%. Como na porcentagem retida média a Norma aconselha o cálculo com aproximação de 1%, não se usam casas decimais após a virgula e o valor de 0,25% é arredondado para 0%. Calculando a média das porcentagens de material retidas nas demais peneiras temos:

COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA - NBR 7217

Peneiras

1ª Determinação

2ª Determinação

% Retida Média

% Retida Acumulada

mm

Peso Retido (g)

% Retida

Peso Retido (g)

% Retida

3"

76

0

0,0%

0

0,0%

0%

   

2 1/2"

64

0

0,0%

0

0,0%

0%

   

2"

50

0

0,0%

0

0,0%

0%

   

1 1/2"

38

0

0,0%

0

0,0%

0%

   

1 1/4"

32

0

0,0%

0

0,0%

0%

   

1"

25

33

0,3%

25

0,2%

0%

 

 

3/4"

19

317,8

3,0%

421,4

3,8%

3%

 

 

1/2"

12,5

7258,9

68,8%

7376,1

66,5%

68%

 

 

3/8"

9,5

2001,9

19,0%

2262,7

20,4%

20%

 

 

1/4"

6,3

791

7,5%

858

7,7%

8%

 

 

4

4,8

123

1,2%

119

1,1%

1%

 

 

8

2,4

0

0,0%

0

0,0%

0%

 

 

16

1,2

0

0,0%

0

0,0%

0%

 

 

30

0,6

0

0,0%

0

0,0%

0%

 

 

50

0,3

0

0,0%

0

0,0%

0%

 

 

100

0,15

0

0,0%

0

0,0%

0%

 

 

Fundo

<0,15

20,4

0,2%

29,6

0,3%

0%

 

 

TOTAL

 10546,0

100%

11091,8 

100%

100%

 

 

Para finalizar, se calcula a porcentagem retida acumulada, que é a soma das porcentagens retidas médias que estão acima da peneira que se está analisando. Assim, na peneira 25 mm, temos retido 0% do material, pois nas peneiras que estão acima da 25 mm (a 32 e a 76) não temos material retido. Já na peneira 19 mm teremos o acumulado de 3% e na peneira 12,5 mm teremos acumulado 71% do material, sendo 68% na própria peneira 12,5 mm e 3% nas peneiras acima desta (no caso, só há valor significativo de porcentagen retida média na peneira 19mm). Na peneira 9,5 mm temos retido acumulado de 91%, sendo 20% da própria peneira e o restante das peneiras acima (68 % na peneira 12,5mm e 3% na peneira 19 mm). O cálculo da porcentagem retida acumulada é feito até a última peneira que contiver material, sendo que o material retido no Fundo fica de fora desse cálculo.

COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA - NBR 7217

Peneiras

1ª Determinação

2ª Determinação

% Retida Média

% Retida Acumulada

mm

Peso Retido (g)

% Retida

Peso Retido (g)

% Retida

3"

76

0

0,0%

0

0,0%

0%

0%

 

2 1/2"

64

0

0,0%

0

0,0%

0%

 

0%

2"

50

0

0,0%

0

0,0%

0%

 

0%

1 1/2"

38

0

0,0%

0

0,0%

0%

0%

 

1 1/4"

32

0

0,0%

0

0,0%

0%

 

0%

1"

25

33

0,3%

25

0,2%

0%

 

0%

3/4"

19

317,8

3,0%

421,4

3,8%

3%

3%

 

1/2"

12,5

7258,9

68,8%

7376,1

66,5%

68%

 

71%

3/8"

9,5

2001,9

19,0%

2262,7

20,4%

20%

91%

 

1/4"

6,3

791

7,5%

858

7,7%

8%

 

99%

4

4,8

123

1,2%

119

1,1%

1%

100%

 

8

2,4

0

0,0%

0

0,0%

0%

100%

 

16

1,2

0

0,0%

0

0,0%

0%

100%

 

30

0,6

0

0,0%

0

0,0%

0%

100%

 

50

0,3

0

0,0%

0

0,0%

0%

100%

 

100

0,15

0

0,0%

0

0,0%

0%

100%

 

Fundo

<0,15

20,4

0,2%

29,6

0,3%

0%

 

 

TOTAL

10546,0

100%

11091,8

100%

100%

 

 

Se colocarmos em um gráfico as porcentagens retidas ou passantes acumuladas no eixo vertical e a abertura das peneiras no eixo horizontal temos a curva granulométrica do agregado, cujo formato para o exemplo é apresentada abaixo.

Quanto mais suave for a curva, mais bem graduado é o agregado. O agregado do nosso exemplo possui uma granulometria descontínua, pois a transição da curva dos tamanhos maiores para os menores não ocorre de maneira gradual.

A NBR 7211, que trata dos requisitos mínimos dos agregados miúdos para concreto, também apresenta os limites da distribuição granulométrica que o agregado graúdo deve ter para ser apropriado a esse uso. Dessa forma, podemos comparar a distribuição granulométrica do agregado avaliado com a recomendação da Norma, para avaliar se o mesmo está dentro do padrão.

Peneira com Abertura de Malha

Porcentagem, em massa, retida acumulada

Zona Granulométrica - d/D

4,75 / 12,5

9,5 / 25

19 / 31,5

25 / 50

37,5 / 75

75 mm

       

0 – 5

63 mm

       

5 – 30

50 mm

     

0 – 5

75 – 100

37,6 mm

     

5 – 30

90 – 100

31,5 mm

   

0 – 5

75 – 100

95 – 100

25 mm

 

0 – 5

5 – 25

87 – 100

 

19 mm

 

2 – 15

65 – 95

95 – 100

 

12,5 mm

0 – 5

40 – 65

92 – 100

   

9,5 mm

2 – 15

80 – 100

95 – 100

   

6,3 mm

40 – 65

92 – 100

     

4,75 mm

80 – 100

95 – 100

     

2,36 mm

95 – 100

       

Conforme a distribuição granulométrica o agregado pode ser classificado em diferentes faixas que são destinadas a diferentes aplicações. A tabela abaixo apresenta um exemplo mas, deve-se lembrar que esta é uma classificação comercial dos produtos e pode mudar de uma região para a outra.

Produto

Dimensão

Aplicação

Brita 0

4,5mm a 9,5mm

Confecção de massa asfáltica e concretos em geral: lajes pré-moldadas, estruturas de ferragem densa, artefatos de concreto (pré-moldados), chapiscos e brita graduada para base de pistas.

Brita 1

9,5mm a 19mm

Confecção de massa asfáltica e concretos em geral: lajes pré-moldadas, estruturas de ferragem densa, artefatos de concreto (pré-moldados), chapiscos e brita graduada para base de pistas.

Brita 2

19mm a 25mm

Confecção de concreto em geral e drenagem.

Brita 3

25mm a 38mm

Reforço de subleito para pistas de tráfego pesado e lastros de ferrovias

Brita 4

38mm a 76mm

Fossas sépticas, sumidouros, gabião, reforço de subleito para pistas de tráfego pesado e lastros de ferrovias.

Rachão

76mm a 150mm

Gabião, concretos ciclópicos, calçamentos de ruas e drenagem.

Fonte: Votorantim (2011)

A distribuição granulométrica também influencia a trabalhabilidade do concreto fresco. Alta porcentagem de material fino (com dimensão menor que 0,15mm) exige aumento de água de amassamento e consequentemente de cimento para um mesmo fator água/cimento. Além disso, o material pulverulento pode afetar a aderência entre a pasta e o agregado de tamanho maior. Por outro lado, concretos sem finos são pouco trabalháveis, sujeitos a maior exsudação com grande permeabilidade, como sujeitos a agentes agressivos. Concretos com granulometria descontínua exigem maior energia de adensamento, portanto, quando mais distribuídos estiverem os tamanhos dos grãos, maior a qualidade do agregado.