Unidade K - Comunicação, necessidades humanas e motivação

K.1 Comunicação, Necessidades Humanas e Motivação

Formas de comunicação

A psicologia reconhece duas formas de comunicação, reflexiva e proposital. A comunicação reflexiva é aquela, de caráter espontâneo, que transmite muita informação. Um exemplo é o choro quando se sente dor ou o sorriso quando se está feliz. “A comunicação proposital tem por finalidade causar um efeito sobre o receptor da informação; e a resposta do receptor influencia a continuidade da comunicação” (DAVIDOFF, 2001, p.262). De acordo com a autora, as línguas constituem no tipo de comunicação proposital mais complexa e sofisticada, em função das combinações possíveis decorrentes da utilização de sons, letras ou sinais. A natureza especial da linguagem depende de algumas características que são a ordenação, a significação, a função social, a criatividade e a organização da linguagem.

. A primeira característica da linguagem que lhe confere uma natureza especial decorre da ordenação. Essa característica refere-se à gramática que orienta a construção de sentenças numa língua. Comumente entendemos e estudamos a gramática de nossa língua nos bancos escolares, essa é o que se reconhece como a gramática prescritiva. No entanto, não começamos a falar somente quando aprendemos essa gramática escolar. Antes disso já estamos construindo frases e nos comunicando, através da gramática descritiva, leis gerais que ordenam o uso dos símbolos e dos sons.

Além das regras de ordenação que orientam uma língua, outra característica da linguagem é a significação. Trata-se do caráter significativo das palavras, das representações (de objetos ou ideias) que o uso das palavras permite.  A reunião dessas palavras com sentido, com uma ordenação lógica permite a transmissão de uma ideia. Em outras palavras, pode-se dizer que “para decifrar o significado, as pessoas consideram os significados das palavras e a ordem das combinações de palavras” (DAVIDOFF, 2001, p. 263).

Além da ordenação e da significação, a linguagem cumpre uma função social. Nossa comunicação está sempre associada a um contexto, no qual aquele que comunica pressupõe um interlocutor com o qual busca a construção do diálogo. Quem comunica e para quem são duas dimensões importantes do processo de comunicação. Muitas vezes, aquilo que é comunicado depende dessas duas dimensões. A explicação sobre o processo de reprodução humana entre médicos pode ser bem diferente da forma de se comunicar sobre o mesmo assunto entre pai e filho.

Não basta a reunião de pessoas dispostas a comunicar, as regras de organização de sons e palavras e seus significados. O processo de comunicação também tem por característica ser um processo criativo. As combinações e formas de se transmitir uma mensagem são quase inumeráveis. Somada a essa dimensão criativa da comunicação com o processo de organização da linguagem que limita algumas de suas combinações, tem-se um sistema complexo de construção de sentido e significados para a interação entre os seres humanos.

Nos ambientes de trabalho, muitos dos problemas internos e de relacionamento são decorrentes de falhas de comunicação. Ao se considerar as variáveis componentes do processo de comunicação, pode-se buscar intervir/controlar esses problemas. Essa é uma importante questão nos mais diferentes ambientes de trabalho.

Outro aspecto sempre presente nas relações humanas no trabalho está associado à necessidade de induzir processos de motivação aos trabalhadores. Mas o que é a motivação? A motivação ainda é um tema complexo para a psicologia. As questões que envolvem processos de motivação estão associados a pelo menos três dimensões, relacionadas ao ambiente dos indivíduos, suas questões interiores e o objeto de atenção. Nas palavras de Bock, “podemos dizer que a motivação é um processo que relaciona necessidade, ambiente e objeto, e que predispõe o organismo para a ação em busca da satisfação dessa necessidade.

No quesito relativo às necessidades das pessoas, um psicólogo chamado Abraham Maslow desenvolveu um esquema ordenado das necessidades humanas. Nesse esquema defende que as necessidades humanas respondem a uma hierarquia que parte das necessidades fisiológicas (as mais básicas), seguida pela necessidade de segurança; de amor; de estima e por último a necessidade de autorrealização.

Quadro 1: Hierarquia das necessidades de Maslow

Necessidade de autorrealização
Necessidade de estima (de si e dos outros)
Necessidades de pertinência e amor
Necessidade de segurança, ordem e estabilidade
Necessidades fisiológicas: comida, água e sexo

Fonte: SCHULTZ, 2009, p. 415.

Cada conjunto superior de necessidades passa a ser fonte de motivação, se o anterior já estiver satisfeito. A partir das necessidades individuais devemos considerar questões ambientais e os objetos de desejo. Essas duas dimensões possuem fortes componentes sociais, estão associados às dimensões de relacionamento do indivíduo. Ou seja, tanto o ambiente quanto o objeto, que possa promover e incitar a motivação nos indivíduos, são resultados das relações sociais nas quais o indivíduo se insere.

Fonte:
DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. São Paulo: Person Makron Books, 2001.
BOCK, A.M. Psicologias. Uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2008.
SCHULTZ, Duane, P. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2011.