Unidade A – Toxicocinética

Absorção

Absorção Dérmica

 

 
 

A pele é relativamente impermeável à maioria dos íons, bem como às soluções aquosas, entretanto, é permeável a grande número de toxicantes sólidos, gases e líquidos lipossolúveis.

Algumas substâncias atuam diretamente sobre a pele, causando efeitos deletérios na epiderme, como corrosão, sensibilização e até mesmo mutações gênicas. A atividade dos agentes deletérios pode se restringir aos tecidos de contato ou estender-se aos tecidos mais profundos da derme, promovendo efeitos sistêmicos que resultam da atuação de toxicantes sobre as células ou tecidos distantes do local de acesso. As substâncias de elevado coeficiente de partição óleo/água são absorvidas com maior facilidade por difusão lipídica, através do estrato córneo.

Absorção pela via respiratória

 

 
 

A via respiratória é uma via de entrada importante de substâncias tóxicas para o organismo.

As partículas suspensas no ar, com diâmetro menor que 1 μm, podem chegar até os alvéolos pulmonares, juntamente com o ar inspirado onde são absorvidas ou removidas pela linfa, pela fagocitose por macrófagos alveolares ou pela aspiração para o muco dos alvéolos da região traqueobronquial.

As partículas de 2 a 5  μm, geralmente, depositam-se na região traqueobronquiolar e, em seguida, são transportadas pelos mecanismos semelhantes aos descritos acima. As partículas maiores que 5  μm tendem a ser retidas na região nasofaríngea e, posteriormente, são removidas por processos mecânicos de limpeza do nariz ou espirro. Os efeitos tóxicos mais comumente observados são inflamação e irritação das vias aéreas superiores.

A absorção de gases e substâncias voláteis depende basicamente de sua solubilidade no sangue e ocorre principalmente nos pulmões. À medida que as moléculas de gases atingem os alvéolos, se difundem para o sangue, onde são dissolvidas e assim distribuídas para os tecidos. Após algum tempo observa-se um equilíbrio dinâmicos entre as moléculas contidas no ar inspirado e as dissolvidas no sangue que é estabelecido rapidamente com substâncias pouco solúveis lentamente com substância altamente solúveis. Essa relação de solubilidade é denominada coeficiente de partição sangue/ar, sendo constante para cada substância. Neste estado de equilíbrio, a passagem de gás do espaço alveolar para o sangue é igual à quantidade de sua liberação do sangue para o espaço alveolar. Quanto maior for o coeficiente de partição, maior será a passagem do gás presente no ar para o sangue.

A estimulação da circulação sanguínea e aumento da perfusão pulmonar favorecem principalmente a absorção de gases de baixo coeficiente de partição, no entanto, o aumento da frequência respiratória acentua a absorção de gases de alto coeficiente de partição.

 
 

Absorção oral

 

 
 

A ingestão de toxicantes pode ser acidental, por meio de água ou alimentos contaminados; ou voluntária, no ato suicida ou na ingestão de drogas por indivíduos dependentes. A absorção pode ocorrer tanto no estômago como no intestino. A absorção em cada compartimento dependerá da variação de pH, irrigação e características anatômicas, bem como das propriedades físico-químicas do agente tóxico. Dessa forma, um dos fatores que favorecem a absorção de nutrientes e xenobióticos no intestino é a presença de microvilosidades altamente irrigadas, que proporciona grande área de superfície.

A barreira no processo de absorção de substâncias é formada pelo trato digestivo e pelos epitélios capilares. De modo geral, os compostos com elevado coeficiente de partição óleo/água são facilmente absorvidos, enquanto substâncias altamente polares são pouco absorvidas.

Outra particularidade da absorção pelo trato digestivo é a possibilidade de ocorrência do ciclo entero-hepático, que consiste na reabsorção de uma substância já excretada, isso acontece, por exemplo, com substâncias excretadas pela bile, na forma conjugada que, em contato com microrganismos intestinais, é degradada, voltando novamente à forma absorvível.

Por esta via, a absorção é dependente da composição alimentar. O leite pode alterar a absorção de certos metais, contrariamente ao que se prega popularmente, ele aumenta a absorção do chumbo. O tratamento com EDTA pode facilitar a absorção de chumbo e outros metais pela formação de complexos mais lipossolúveis.