Seletividade de Ação
Todas as substâncias químicas tóxicas produzem seus efeitos alterando as condições fisiológicas e bioquímicas normais das células.
Alguns compostos do tipo ácido ou base atuam indistintamente sobre qualquer órgão, causando irritação e corrosão nos tecidos de contato. Outros compostos são mais seletivos no seu modo de ação e causam danos a um tipo, de órgão ou estrutura, chamado estrutura-alvo, sem lesar outros. Essas estruturas-alvo frequentemente são moléculas protéicas, que exercem importantes funções no organismo, tais como enzimas, moléculas transportadoras, expressão gênica, canais iônicos e receptores.
A seletividade de ação é determinada, também, pelas diferenças fisiológicas e bioquímicas existentes entre as espécies animais. A toxicidade seletiva de certos inseticidas usados em forma de aerossol reside no fato de os insetos absorverem maior quantidade do agente do que o homem, pela sua maior área de superfície de contato em relação à massa corporal. As penicilinas e as cefalosporinas agem seletivamente sobre as paredes celulares existentes nas bactérias, mas ausentes nas células animais.
Outro fato relevante da seletividade de agentes químicos, capazes de levar à toxicidade, é a diferença entre o conteúdo de enzimas de biotransformação. Os ratos, por exemplo, desenvolvem tumor no fígado com doses de aflatoxina B1, uma toxina de fungo, que não provocam o mesmo efeito em camundongos. Esse fato é decorrente de os camundongos possuírem maiores concentrações da enzima glutationa S-tranferase, responsável pela conjugação do metabólito oxidado da aflatoxina B1 (epóxido), que é carcinogênico.