Unidade C - Toxicologia dos fármacos e drogas que causam dependência

Síndrome de abstinência

Abstinência é um termo diferente de dependência, embora muitas vezes seja utilizada com o mesmo intuito. Já dependência física e dependência psíquica não devem ser utilizadas, pois não expressam os processos que caracterizam tais palavras.

Sabe-se que, hoje em dia, é possível ser dependente sem sofrer da síndrome de abstinência e sofrer desta síndrome sem ocorrência da dependência. Por exemplo, é factível ser dependente da cocaína ou do etanol sem experimentar sintomas de abstinência entre cada episódio de uso. Mesmo em casos de dependentes que fizeram tratamento em clínicas de recuperação e já estão há muito tempo sem consumir fármacos/drogas, podem ter recaídas e este fato não está relacionado ao desconforto dos sintomas de abstinência, pois há muito tempo esses efeitos já se dissiparam. O inverso também é verdadeiro, o uso médico prolongado de morfina ou de benzodiazepínicos pode provocar sintomas de abstinência na interrupção do uso. Porém, os pacientes não são considerados dependentes a esses fármacos, pois atravessam as reações de abstinência sem manifestar um comportamento compulsivo de consumo.

O cérebro e outros tecidos adaptam-se à presença continuada da droga ou fármaco, mobilizando progressivamente processos fisiológicos opostos às alterações causadas por elas, de forma a contrabalançar o efeito.

Portanto, a síndrome de abstinência é a resposta do organismo à falta de um fármaco ou droga usada repetidamente e a qual o cérebro e outros tecidos já tenham se adaptado. O que deve ficar claro para vocês é que uma pessoa pode ser acometida pela síndrome de abstinência e não ser dependente do fármaco ou droga (uso de medicamentos), tendo e vista que existem tratamentos médicos nos quais as doses finais são feitas com quantidades decrescentes do medicamento para evitar que a síndrome de abstinência ocorra.