Praguicidas
Os praguicidas são compostos largamente empregados, em especial, na agropecuária para destruir, repelir ou mitigar pragas. Têm também função preventiva contra as pragas. Além disso, funcionam como desfolhantes e dessecantes, ou como reguladores do crescimento vegetal. Os praguicidas podem ser classificados conforme seu modo de emprego, associado à sua estrutura química. Como o tema é amplo, discutiremos apenas os inseticidas.
| ||||
| ||||
|
Inseticidas
Compostos organoclorados
Apresentam, dentre outros, efeito cancerígeno, mutagênico e neurotóxico. Nos casos agudos, atuam no sistema nervoso central (SNC), impedindo a transmissão nervosa normal, resultando em alterações do comportamento, do equilíbrio, da atividade da musculatura involuntária, distúrbios sensoriais e depressão dos centros vitais, particularmente da respiração (afetam o equilíbrio sódio/potássio). Tem ação estimulante sobre as enzimas metabolizantes de drogas.
Ao penetrarem no organismo, têm efeito cumulativo e concentram-se nos tecidos adiposos, especialmente no abdômen, cérebro e fígado. A eliminação se faz pela urina, cabendo destacar também a eliminação pelo leite materno.
Compostos organofosforados
Ao penetrarem no organismo, os organofosforados não são acumulados nos tecidos, sendo facilmente degradados e excretados pela urina. No entanto, a toxicidade aguda é importante para os mamíferos. Todos os organofosforados agem como inibidores da enzima colinesterase, impedindo a atuação desta sobre a acetilcolina, provocando sérias consequências nos organismos animais.
Os efeitos tóxicos dos organofosforados são devido ao grande acúmulo da acetilcolina nas terminações nervosas. A acetilcolina é um importante transmissor de impulsos nervosos ou neurotransmissores.
Em condições normais, o organismo a destrói, pela ação da colinesterase, quase instantaneamente à medida que ela vai sendo liberada, dando origem à colina e ácido acético. Uma vez em excesso, é intensamente prejudicial, já que o funcionamento de glândulas, músculos e do sistema nervoso (inclusive o cérebro) é alterado.
Carbamatos
A principal forma de intoxicação de pessoas que têm contato excessivo com este praguicida é pela inibição da enzima colinesterase, de modo muito parecido com os praguicidas organofosforados.
Esse processo, no entanto, tem diferença de não ser estável, ser geralmente reversível e muito mais rápido que no caso dos organofosforados. Trabalhos experimentais mostraram que os carbamatos apresentam a dose eficaz mediana, ou dose que produz sinais clínicos em 50% dos animais de experiência, bem mais afastada da dose letal 50% (DL 50) do que os organofosforados.
Com isso, embora as intoxicações possam ser igualmente graves, quando surgem os primeiros sintomas, a dose absorvida está bastante longe da dose letal, o que torna os carbamatos menos perigosos. A recuperação começa em pouco tempo, já que estes são rapidamente metabolizados pelos organismos humanos e eliminados pela urina, não se acumulando no organismo.
Os praguicidas carbamatos possuem, além da inibição reversível da acetilcolinesterase, outros efeitos bioquímicos e farmacológicos, incluindo um decréscimo de atividade metabólica do fígado, alterações dos níveis de serotonina no sangue e um decréscimo da atividade da glândula tireoide.
Piretroides
Os piretroides sintéticos atuam no sistema nervoso central e periférico, interagindo com os canais de sódio, tanto nos mamíferos quanto nos insetos.
Em doses muito altas, despolarizam completamente a membrana da célula nervosa e bloqueiam a excitabilidade, podendo produzir danos permanentes ou durante um longo tempo nos nervos periféricos. Nas provas de laboratório, verifica-se que os piretroides sintéticos são bastante tóxicos para peixes e artrópodes aquáticos, assim como para as abelhas, porém, na prática, os efeitos adversos são pequenos. Para pássaros, a toxicidade desses praguicidas é baixa. Os piretroides sintéticos são geralmente metabolizados no organismo dos mamíferos e excretados, não se acumulando nos tecidos.
Fontes
FREIRE, Francisco das Chagas Oliveira et al. Micotoxinas: Importância na Alimentação e na Saúde Humana e Animal. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2007.
OGA, Seize. Fundamentos de Toxicologia. São Paulo: Atheneu Editora de São Paulo, 1996.
Toxicologia de Praguicidas. Disponível em: http://www.sucen.sp.gov.br/downl/segtrb/sequi5.pdf. Acesso em 25/10/2011.