Unidade D - Toxicologia dos Alimentos

Praguicidas

Os praguicidas são compostos largamente empregados, em especial, na agropecuária para destruir, repelir ou mitigar pragas. Têm também função preventiva contra as pragas. Além disso, funcionam como desfolhantes e dessecantes, ou como reguladores do crescimento vegetal. Os praguicidas podem ser classificados conforme seu modo de emprego, associado à sua estrutura química. Como o tema é amplo, discutiremos apenas os inseticidas.

 

Assista ao vídeo sobre agrotóxicos, disponível em http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/15020.

 

Inseticidas

Compostos organoclorados

Apresentam, dentre outros, efeito cancerígeno, mutagênico e neurotóxico. Nos casos agudos, atuam no sistema nervoso central (SNC), impedindo a transmissão nervosa normal, resultando em alterações do comportamento, do equilíbrio, da atividade da musculatura involuntária, distúrbios sensoriais e depressão dos centros vitais, particularmente da respiração (afetam o equilíbrio sódio/potássio). Tem ação estimulante sobre as enzimas metabolizantes de drogas.

Ao penetrarem no organismo, têm efeito cumulativo e concentram-se nos tecidos adiposos, especialmente no abdômen, cérebro e fígado. A eliminação se faz pela urina, cabendo destacar também a eliminação pelo leite materno.

Compostos organofosforados

Ao penetrarem no organismo, os organofosforados não são acumulados nos tecidos, sendo facilmente degradados e excretados pela urina. No entanto, a toxicidade aguda é importante para os mamíferos. Todos os organofosforados agem como inibidores da enzima colinesterase, impedindo a atuação desta sobre a acetilcolina, provocando sérias consequências nos organismos animais.

Os efeitos tóxicos dos organofosforados são devido ao grande acúmulo da acetilcolina nas terminações nervosas. A acetilcolina é um importante transmissor de impulsos nervosos ou neurotransmissores.

Em condições normais, o organismo a destrói, pela ação da colinesterase, quase instantaneamente à medida que ela vai sendo liberada, dando origem à colina e ácido acético. Uma vez em excesso, é intensamente prejudicial, já que o funcionamento de glândulas, músculos e do sistema nervoso (inclusive o cérebro) é alterado.

Carbamatos

A principal forma de intoxicação de pessoas que têm contato excessivo com este praguicida é pela inibição da enzima colinesterase, de modo muito parecido com os praguicidas organofosforados.

Esse processo, no entanto, tem diferença de não ser estável, ser geralmente reversível e muito mais rápido que no caso dos organofosforados. Trabalhos experimentais mostraram que os carbamatos apresentam a dose eficaz mediana, ou dose que produz sinais clínicos em 50% dos animais de experiência, bem mais afastada da dose letal 50% (DL 50) do que os organofosforados.

Com isso, embora as intoxicações possam ser igualmente graves, quando surgem os primeiros sintomas, a dose absorvida está bastante longe da dose letal, o que torna os carbamatos menos perigosos. A recuperação começa em pouco tempo, já que estes são rapidamente metabolizados pelos organismos humanos e eliminados pela urina, não se acumulando no organismo.

Os praguicidas carbamatos possuem, além da inibição reversível da acetilcolinesterase, outros efeitos bioquímicos e farmacológicos, incluindo um decréscimo de atividade metabólica do fígado, alterações dos níveis de serotonina no sangue e um decréscimo da atividade da glândula tireoide.

Piretroides

Os piretroides sintéticos atuam no sistema nervoso central e periférico, interagindo com os canais de sódio, tanto nos mamíferos quanto nos insetos.

Em doses muito altas, despolarizam completamente a membrana da célula nervosa e bloqueiam a excitabilidade, podendo produzir danos permanentes ou durante um longo tempo nos nervos periféricos. Nas provas de laboratório, verifica-se que os piretroides sintéticos são bastante tóxicos para peixes e artrópodes aquáticos, assim como para as abelhas, porém, na prática, os efeitos adversos são pequenos. Para pássaros, a toxicidade desses praguicidas é baixa. Os piretroides sintéticos são geralmente metabolizados no organismo dos mamíferos e excretados, não se acumulando nos tecidos.

Fontes

FREIRE, Francisco das Chagas Oliveira et al. Micotoxinas: Importância na Alimentação e na Saúde Humana e Animal. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2007.

OGA, Seize. Fundamentos de Toxicologia. São Paulo: Atheneu Editora de São Paulo, 1996.

Toxicologia de Praguicidas. Disponível em: http://www.sucen.sp.gov.br/downl/segtrb/sequi5.pdf. Acesso em 25/10/2011.